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Nuno Alexandre Ferreira, Cores Unidas, 2012
Cores Unidas. Existe uma universalidade utópica que nos foi mostrada pelo Modernismo que a realidade mais contemporânea se encarrega a todo o momento de desmentir. Existe nas nossas cabeças uma imagem de uma fila de bandeiras a abanar ao vento, todos os países, na mesma direcção, e isso diz-nos que estamos todos juntos. Existem hotéis com bandeiras de vários países hasteadas à porta e isso informa-nos de que ali se falam várias línguas. Numa embaixada a bandeira diz-nos que ali o território é outro, num hotel as bandeiras abrem-nos os braços porque todos somos bem-vindos ou benvindos, uma vez que segundo o Acordo Ortográfico, o advérbio "bem" pode ou não aglutinar-se ao segundo elemento, quando o segundo elemento da palavra composta começa por consoante.

Para o lobby do Hotel Tivoli, Ana Pérez-Quiroga criou uma instalação composta por 36 bandeiras coloridas que pendem do mezzanine, onde de forma intuitiva associa cores, sem hierarquias pré-definidas, usando como referência o trabalho de Josef Albers nos primórdios do Modernismo e da Bauhaus. Um novo acordo onde a nossa percepção é desafiada para além do gosto e da convenção. As cores como elas são, diferentes, iguais.

Tal como uma bandeira marca um território, as 36 bandeiras agora mostradas são a garantia de que cada vez mais os territórios se contaminam, como num lobby de hotel, onde se cruzam pessoas com as mais diversas origens. Todas diferentes, todas iguais.
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